Receita para defender a Petrobrás contra a corrupção

Felipe Coutinho*

Apresento  uma  receita,  com  16  passos,  para  defender  o  maior  patrimônio  dos brasileiros contra  a  corrupção.  Cada  etapa  é  apresentada  sumariamente,  recomendo  a leitura  das referências  para  compreensão  detalhada  e  o  sucesso  na  implantação  das propostas.

1.  Entenda o fenômeno histórico, sistêmico e estrutural da corrupção.

2.  Identifique o principal agente e beneficiário da corrupção, o empresário corruptor.

3.  Note  o  papel  subalterno  dos  prestadores  do  serviço  ilegal  que  são  os  políticos  e executivos  da  administração  estatal  corruptos.  A  relação  de  subordinação  aos empresários corruptores  é  revelada  na  comparação  entre  os  valores  fraudados, através dos contratos superfaturados, e a propina cobrada para viabilizá-los.

4.  Descubra a relação entre a corrupção ilegal e a corrupção legal. A corrupção legal também é necessária para viabilizar o interesse dos agentes privados na relação com a Petrobrás. Faz parte da corrupção legalizada  o financiamento privado dos partidos políticos  e das campanhas eleitorais. Assim  como  as  elevadas  remunerações  dos executivos  da  estatal em  relação  aos cargos não comissionados.  Os  titulares  da hierarquia  corporativa,  muitas vezes,  implementam decisões autocráticas  de  seus superiores, de  maneira  acrítica  e antidemocrática,  mesmo  que potencialmente lesivas à companhia, para a manutenção de sua renda e poder corporativos.

5.  Perceba  o  interesse  do  oligopólio  empresarial  dos  meios  de  comunicação  em divulgar, espetacular e repetidamente,  os casos de corrupção para garantir vendas e audiência.

6.  Reconheça o senso comum fabricado pelos meios empresarias de comunicação que apresentam os  casos  de  corrupção  como  particulares,  não  sistêmicos  e  derivados exclusivamente do desvio moral dos corruptos. Perceba como os agentes ativos da fraude e principais beneficiários, os empresários corruptores e seus executivos, são preservados ou apresentados como vítimas.

7.  Repare  o  oportunismo  dos  defensores  das  corporações  de  capital  privado  e internacional, os  históricos  entreguistas,  que  aproveitam  o  lamentável  espetáculo para condenar  a  principal vítima  das  fraudes,  a  Petrobrás.  Tentam  influenciar  o senso comum para  acessar,  direta  ou indiretamente,  a  riqueza  do  petróleo,  o patrimônio da Petrobrás e sua condição legal de operadora única do pré-sal.

Receita para defender a Petrobrás contra a corrupção

* Felipe Coutinho é presidente da Aepet – Associação dos Engenheiros da Petrobrás.

Fonte: Aepet – 10/02/2015.

Publicado também em Conape Notícias nº 22 (jan-fev/2015)

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