O furação Irma, mudanças climáticas e a estupidez humana

Você está visualizando atualmente O furação Irma, mudanças climáticas e a estupidez humana

Papa Francisco e a especialista em clima, Elizabeth Kolbert, analisam a ação devastadora do furação Irma em função dos problemas climáticos.

Subiu para 13 milhões o número de pessoas que estão sem energia elétrica na Flórida, bem como os danos causado pela passagem do furação Irma.

Até agora foi registrado que 11 pessoas morreram nos Estados Unidos, e as autoridades dão conta de que em algumas áreas de Cayos da Flórida poderão ficar inacessível durante semanas. O Exército dos EUA está ajudando a evacuar alguns moradores de Cayos da Flórida, que não conseguiram deixar o local antes da chegada do furação. A agência Democracy Now! reportou que Jacksonville viveu a pior inundação desde 1864.

Irma também causou a destruição na Geórgia e Carolina do Sul na segunda-feira (11). Em Porto Rico, milhares de pessoas continuam sem eletricidade. As autoridade locais advertem que várias áreas deste país caribenho podem ficar sem energia elétrica por seis meses.

O diretor da Agência Federal para o Manejo de Emergências, Brock Long, anunciou na manhã desta terça-feira (12), que viajará imediatamente para Porto Rico e para as Ilhas Virgens dos EUA.

Aumentou para 34 o número de mortes em todo o Caribe. Dez pessoas morreram em Cuba, ao norte da ilha, quando o furação Irma atingiu a categoria 5. Analistas dão conta de que este foi o furação mais letal em Cuba desde 2005.

Estupidez humana

Ainda pela reportagem da Democracy Now!, o Papa Francisco, que está em peregrinação na Colômbia, disse enfaticamente que aqueles que negam o fenômeno das mudanças climáticas são “estúpidos”. Esta afirmativa foi proferida no domingo (10) durante uma entrevista coletiva à imprensa, na Colômbia, ao analisar a ação destruidora do furação Irma.

O Pontífice sublinhou que não tem como retroceder, “vamos piorar. Isso é certo”. Conclamou a todos que ouçam os cientistas a respeito dos efeitos das mudanças climáticas. “Todos têm responsabilidade – todos nós -, uns menos, outros mais. Uma responsabilidade moral de não aceitar esta situação, opinar ou tomar decisões, e temos que tomá-las com seriedade. Considero que não é um tema para brincadeiras. Qualquer um que negue isto deve ir perguntar aos cientistas. Eles falam muito claramente. Os cientistas são precisos. O homem é um estúpido, diz a Bíblia. É assim, quando não se quer ver, não se vê. Olha-se apenas para um lado.”

Ele publicou a Encíclica Laudato Si, na qual aborda com muita acuidade a questão climática e lança diversos alertas e convida a todos na defesa do planeta, que ele denomina como Casa Comum. É preciso, segundo o Pontífice, que todos defendam o planeta como se defende a própria casa.

Alta nos níveis do mar

A Democracy Now! entrevistou a premiada jornalista Elizabeth Kolbert, integrante da equipe jornalística da revista The New Yorker, em função de matérias sobre mudanças climáticas. Sua mais recente matéria é “Furacão Harvey e as tempestades para vir”. Ela recebeu o Prêmio Pulitzer pelo livro de 2015 “The Sixth Extinction” (A Sexta Extinção).

Kolbert explicou que a alta nos níveis do mar aumentam a fúria dos furações. “E o aumento do nível do mar está realmente acelerando, devido em grande parte ao derretimento do gelo, fora da Groenlândia, na verdade. Então sabemos disso muito claramente. E se você tem níveis mais altos do mar, obviamente, quando você tiver uma onda de tempestade, ele vai subir mais e mais para o interior. Então, essa é uma conexão básica, você sabe, básica entre os furacões e o aumento do nível do mar”.
Explicou, ainda, que os furacões desencadeiam seu poder por meio da obtenção de energia das águas superficiais do oceano. “Então, é por isso que só conseguimos furacões no verão, certo? Porque eles precisam de água morna”.

A especialista falou, também, de outra possível causa para tamanhos fenômenos. “O ar mais quente tem mais umidade. Estamos obtendo mais evaporação. E à medida que você obtém mais evaporação, você terá mais chuva. E é claro que também estamos vendo isso, não necessariamente nos furacões, mas apenas na chuva, em geral. Estamos conseguindo mais desses aguaceiros enormes. E isso está bem documentado”.

Cabe lembrar que, neste ano, o presidente estadunidense, Donald Trump, retirou os EUA do acordo do clima de Paris. Será que o Irma aumentará a consciência das autoridades deste país quanto a urgente necessidade de somar esforços sobre os problemas climáticos?

Fonte: José Moutinho/Blasting News – 13/9/17.

Compartilhe...