Para mais de um ano, diariamente, tomamos conhecimento das maracutaias que os interesses políticos praticaram na Petrobras, associados a empregados corruptos.
Mas a questão não se limita tão somente aos desfalques decorrentes da corrupção, realizada em benefício de empregados e, principalmente, de partidos políticos e dos próprios políticos, para suas campanhas eleitorais e enriquecimento pessoal. Prejuízos maiores decorreram de decisões que vincularam os interesses da empresa aos objetivos das ações políticas.
A operação lava-jato está demonstrando, não apenas na Petrobras, que uso político das empresas, fundações e entidades estatais transforma essas entidades em propriedades particulares, em detrimento dos objetivos maiores da nacionalidade.
Pois bem! Apesar da pletora de informações condenatórias dessa antiga prática patrimonialista, o jornal O Globo de 13/05 último informa o seguinte:
“Para garantir a aprovação do ajuste fiscal, o governo intensificou ontem a distribuição de cargos em troca de apoio às medidas …”
“O secretário-executivo de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, que chegou a ter seu nome aprovado para assumir a Eletrosul, não assumirá o cargo. Temer sacramentou a ida de Djalma Berger, irmão do senador Dário Berger para o posto. Zimmermann deverá ser remanejado para a presidência da Eletronuclear ou da Eletrobras. O líder do PMDB na Câmara compartilhará com o presidente da Câmara o comando da Companhia de Docas do Rio, um dos cargos mais cobiçados pelos aliados.”
“O PP, que garantiu anteontem a presidência da Codevasf, recebeu a promessa de ficar também com a Chesf (o PP quase deixa de existir em face da operação lava-jato). O PTB, além da manutenção da Conab, garantiu as direções da Casa da Moeda, da Superintendência do Sistema Penitenciário e uma vice-presidência do Banco do Brasil.”
Quais são os interesses partidários em relação a tais cargos? À procura de votos? Claro que não é esse o objetivo. Podemos de fato dizer que essas entidades são estatais ou já estão privatizadas de maneira obscura para fins ainda mais obscuros?
Esse é o nosso querido Brasil!
–
Fonte: Conape Notícias nº 24 (mai-jun/2015).