Com o tema ‘Outubro Rosa’, o evento acontecerá nesta sexta-feira e reunirá médicos para discutir a importância da prevenção
Alice Cravo*
O câncer de mama é o segundo mais comum entre mulheres no Brasil. Em 2019, estima-se que 59.700 novos casos sejam descobertos no país. Mesmo com as campanhas de conscientização voltadas para a importância do diagnóstico precoce, muitas mulheres continuam sem realizar os exames preventivos, como a mamografia. Por isso, é comum a descoberta da doença em estágio mais avançado, dificultando o tratamento.
Para reforçar a importância do debate sobre a doença, o tema do próximo “Encontros O GLOBO Saúde e Bem-estar”, que acontecerá nesta sexta-feira, a partir das 9h, será Outubro Rosa. Os médicos Henrique Pasqualette, Ricardo Chagas e Claudio Domênico irão reforçar a importância da prevenção do câncer de mama e os cuidados que as mulheres podem adotar para estarem em dia com a sua saúde. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo site. O evento é uma realização do jornal O GLOBO, com patrocínio do Cepem (Centro de Estudos e Pesquisas da Mulher).
Para Ricardo Chagas, é “incompreensível” que nos dias de hoje a doença continue sendo detectada em estágio avançado, principalmente em locais como o Rio de Janeiro.
— Isso já era para estar resolvido. Temos que pensar o porquê isso ainda acontece.
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o estado do Rio possui a maior incidência nacional da doença. São 92,90 casos para cada 100 mil mulheres. Em seguida vem o Rio Grande do Sul, com 88,23 casos.
Para os médicos, a campanha do Outubro Rosa é considerada essencial. No entanto, eles ainda destacam os números tímidos de diagnósticos precoces, que continuam longe do esperado. Segundo Henrique Pasqualette, para além da conscientização, há também o medo entre as mulheres de descobrir a doença.
— A ideia é fazer com que as mulheres tenham cada vez mais consciência e usem os métodos preventivos. Muitas fazem os exames e não voltam para buscá-los. As pessoas têm medo de descobrir a doença e perdem a chance de tratar o câncer — afirma o médico, que complementa: — Há 40 anos o câncer de mama era uma sentença de morte. Mas hoje, com a mamografia, é muito difícil que a doença resulte em óbito.
Outra preocupação identificada na população é com a cirurgia de remoção do câncer de mama.
— As pessoas não conhecem a cirurgia, acham que é aquela mutiladora, a que tira toma a mama. Mas na verdade ela é mais delicada e conservadora — alerta Henrique.
Além da má distribuição de mamógrafos pelo país, Ricardo Chagas observa que muitas mulheres só buscam o tratamento pelo SUS quando em estágio avançado da doença.
— Uma parte da população precisa de uma atenção e de um movimento maior para a conscientização. Pela rede pública, muitos casos de câncer de mama são diagnosticados em estágio avançado. A biópsia é outro problema. Ela precisa ser feita mais rapidamente e os resultados devem sair no mesmo dia.
O médico Henrique Pasqualette ainda ressalta que o autoexame é importante para o autoconhecimento e a identificação de quando alguma característica está fora do normal. No entanto, não é suficiente quando para o diagnóstico precoce. A mamografia não deve sair da rotina de saúde da mulher.
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* Estagiária sob supervisão de Eduardo Graça.
O Globo — 21/10/2019.
Imagem: Pixabay.