O jornalista Maurício Azêdo foi homenageado pela Fundação Dinarco Reis

Os familiares de Maurício Azêdo [a víuva Marilka Azêdo, as filhas Ana Luísa, Maria Clara e Maria Ilka] receberam a Medalha Dinarco Reis

Em 28/3, a Fundação Dinarco Reis prestou homenagem (in memoriam) ao jornalista Maurício Azêdo, ex-presidente da Associação Brasileira da Imprensa (ABI), falecido em 25/10/2013, aos 79 anos. A homenagem foi durante o ato político “PCB: Resistência e Memória – 50 anos do golpe de 1964”, realizado no auditório da ABI, no Centro do Rio.

Os familiares de Azêdo [a víuva Marilka Azêdo, as filhas Ana Luísa, Maria Clara e Maria Ilka], presentes no evento, receberam a Medalha Dinarco Reis. Entre muitos jornais (de grande circulação e alternativos) em que atuou, Oscar Maurício de Lima Azêdo foi colaborador do jornal Voz Operária, do PCB.

O advogado Modesto da Silveira; a Profa. Zuleide Faria de Melo; o conapeano Dinarco Reis Filho; o Secretário-Geral do PCB, Ivan Pinheiro; e o historiador José Neto.

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A mesa foi composta pelo secretário-geral do PCB, Ivan Pinheiro; pelo presidente da Fundação Dinarco Reis (FDR), Dinarco Reis Filho (que também é associado da Conape); pela professora Zuleide Faria; pelo advogado Modesto da Silveira; pelo historiador José Paulo Neto; e Marivalda, dirigentes do PCB. Prestigiou também o encontro o jornalista Mário Jakobskind, presidente da Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e dos Direitos Humanos, da ABI.

Na área de acesso ao auditório foi feita uma exposição de fotos e texto alusivos à repressão ditatorial de 1964, entre elas a lembrança dos assassinatos do jornalista Vladimir Herzog e dos membros do Comitê Central do PCB, na década de 1970. Durante os discursos, a juventude do PCB adentrou o auditório com fotos em tamanho grande dos 13 dirigentes do Comitê Central assassinados pela ditadura em 1975. Em todos os nomes citados pelos jovens, o público respondia: “presente!”.

Em seu discurso, o conapeano Dinarco Reis Filho destacou as diversas atuações do jornalista Maurício Azêdo, desde quando eram colegas de colégio, da atuação na Ames – Associação Metropolitana de Estudantes Secundaristas –, na divulgação das publicações jornalísticas do PCB, entre outros eventos. Foi destacada a vigorosa atuação parlamentar de Azêdo, bem como a presidência da ABI, muito renovada em sua gestão.

Em 1982 Maurício Azêdo iniciou carreira política. Foi vereador do Rio de Janeiro por três legislaturas (1983-88, 1989-1992, 1993-1996), foi presidente da Câmara Municipal no biênio 1983-85, Secretário Municipal de Desenvolvimento Social (1986-1987) e, de 1999 a 2004, Conselheiro do Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro, sendo aposentado compulsoriamente por limite de idade em setembro de 2004.

Em Nota Política “O PCB e o golpe de 1964”, de 1º/4, o PCB lembrou os membros desaparecidos: Elson Costa, Hiran de Lima Pereira, Nestor Veras, Itair Veloso, Orlando da Silva Rosa Bomfim Júnior, Jayme Amorim de Miranda, José Montenegro de Lima. Até hoje, seus corpos nunca foram encontrados. Militantes que morreram sob tortura: o gráfico Alberto Aleixo, o tenente da PM de São Paulo José Ferreira de Almeida, o coronel reformado José Maximino de Andrade Netto, o comerciário Pedro Jerônimo de Souza. No final de 1975, a repressão assassinou, sob tortura, Vladimir Herzog, professor da USP e jornalista, militante da base cultural do PCB em São Paulo. Em 1976, a ditadura tirou a vida da militante Neide Alves Santos e do operário metalúrgico Manoel Fiel Filho, responsável pela distribuição do jornal Voz Operária nas fábricas da Mooca, em São Paulo.

A Nota Política destacou também que, em 1973, o dirigente regional do partido, Célio Guedes, foi morto com um tiro na nuca nas dependências do Cenimar no Rio de Janeiro. Em 1974, foram assassinados os dirigentes nacionais Davi Capistrano da Costa, morto com requintes de crueldade; José Roman, operário; João Massena, metalúrgico; Luiz Ignácio Maranhão Filho, jornalista; Walter de Souza Ribeiro, oficial do Exército; o professor de História e presidente do sindicato dos professores do Rio de Janeiro, Afonso Henrique Martins Saldanha.

Entre várias análises, o PCB destacou em sua Nota Política, 1º/4, que “superado o período ditatorial, 30 anos da chamada redemocratização da vida política nacional foram incapazes de alterar o quadro fundamental de uma sociedade marcada pela profunda desigualdade social, em que os governos de plantão tudo fazem para garantir os altos lucros das empresas, dos bancos e do latifúndio, plenamente integrados ao capitalismo internacional e retomando o aparato repressivo dos tempos de ditadura para conter, com todo o terror de Estado, a ameaça ao poder burguês identificada nas manifestações populares e na luta de classes”.

Para finalizar, é relevante lembrar que Maurício Azêdo foi solidário em apoiar a campanha da Conape, inclusive dando procuração aos dirigentes da entidade para, nas reuniões em Brasília, sobre anistia, falar em nome da ABI.

Texto e fotos: José Carlos Moutinho (jornalista), para a Conape.

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